Após Governo anunciar acordo, caminhoneiros continuam em greve
Mesmo com o anúncio de acordo feito pela equipe do Governo do presidente Michel Temer (MDB) ontem à noite garantido o fim da paralisação nacional dos caminhoneiros, os bloqueios continuam nas rodovias praticamente inalterados. Em Arapongas, os motoristas permanecem parados na PR-444. Segundo eles, a proposta não atende a reivindicação central da categoria, que é a baixa do diesel em 30% e a redução do PIS e Confis sobre o combustível, além da medida do Governo ser temporária.
Para o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Londrina (Sindicam), Carlos Roberto Dellarosa, não houve acordo ontem à noite com a categoria. “Vamos continuar parados. Temos mais de 180 bloqueios na região de Londrina. Os caminhoneiros vão permanecer nesses pontos até um acordo verdadeiro ser firmado”, garante.
“Não teve acordo. O que divulgaram é tudo balela. Não vamos sair das estradas, porque esse acordo, do jeito que foi anunciado, ajuda somente as empresas, e não os caminhoneiros autônomos”, diz. No bloqueio da PR-444, na altura da Rua Tangará, os caminhoneiros garantem que não vão deixar o local.
Segundo os manifestantes, o acordo assinado ontem pelas lideranças e o governo não representa toda a categoria, em especial a autônoma. “Aqui somos a maioria motoristas autônomos, e esse acordo não surti efeito para nós, só para as empresas. Vamos continuar concentrados e bloqueando a passagem de caminhões na rodovia”, diz um manifestante que preferiu não se identificar.
Os motoristas que estão em protesto desde a segunda-feira (21) garantiram que mercadorias essenciais para suprir os serviços básicos direcionados para hospitais, remédios e combustível identificados para uso de ambulâncias e polícia estão passando normalmente. “Nós temos o apoio da população e isso nos fortalece. Não vamos bloquear mercadorias que prejudiquem os serviços necessários a população”, garante outro manifestante, que também preferiu não dar o nome.
Para os caminhoneiros ouvidos pela reportagem de O Comuniqueiro, o acordo tem que melhorar, porque não conseguem arcar com os altos custos do combustível, impostos, pedágio e manutenção. “Reivindicamos o preço do diesel na bomba a R$2,50. Este acordo assinado ontem é mentiroso e, em outras vezes, o governo já não honrou com sua promessa, estamos cansados”, desabafa um dos motoristas, que também pediu para não ter o nome revelado.
Os pontos principais do acordo
Pela proposta, o governo federal assume os seguintes compromissos:
reduzir a zero a alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), em 2018, sobre o óleo diesel;
manter a redução de 10% no valor do óleo diesel a preços na refinaria, já praticados pela Petrobras, nos próximos 30 dias, com compensações financeiras da União à Petrobras;
assegurar a periodicidade mínima de 30 dias para eventuais reajustes do preço do óleo diesel na refinaria;
reeditar, no dia 1º de junho de 2018, a Tabela de Referência do frete do serviço do transporte remunerado de cargas por conta de terceiro e mantê-la atualizada trimestralmente;
promover gestão junto aos estados da federação para implementação da isenção da tarifa de pedágio sobre o eixo suspenso em caminhões vazios;
editar medida provisória, em até 15 dias, para autorizar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a contratar transporte rodoviário de cargas, dispensando-se procedimento licitatório, para até 30% de sua demanda de frete, para cooperativas ou entidades sindicais da categoria dos transportadores autônomos;
não fazer a reoneração da folha de pagamento das empresas do setor de transporte rodoviário de cargas;
requerer a extinção das ações judiciais propostas pela União em razão do movimento dos caminhoneiros;
informar às autoridades de trânsito sobre a celebração do acordo para instrução nos eventuais processos administrativos instaurados em razão do movimento;
manter com as entidades reuniões periódicas para acompanhamento do cumprimento dos termos do acordo, com o próximo encontro em 15 dias;
buscar junto à Petrobras oferecer aos transportadores autônomos livre participação nas operações de transporte de cargas como terceirizados das empresas contratadas pela estatal;
solicitar à Petrobras que seja observada a resolução da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em relação à renovação da frota nas contratações de transporte rodoviário de carga.