Empresa de Arapongas está mudando a realidade nacional de saneamento

Se você vive em Arapongas então recebe água clorada por um sistema Hidrogeron. Se está em Apucarana, Ibiporã ou outras tantas grandes cidades do país como Salvador, Palmas, Teresina, Cuiabá ou Balneário Camboriú, também. E que diferença isso faz? A resposta a essa questão nos leva à essência de uma indústria araponguense que revolucionou o jeito de clorar água e esgoto no Brasil.
A diferença é que a empresa criou um sistema no qual o cloro é fabricado nos locais de tratamento por meio de um processo simples mas de altíssima eficiência, cujos insumos são: água, sal e eletricidade. O gerador de cloro in loco tem substituído antigos sistemas custosos e ineficientes, que demandam mais insumos ou pessoal para sua operação, e principalmente aqueles de alta periculosidade que utilizam o cloro em gás.
O técnico químico José Cristiano Ribeiro (cuja entrevista completa você encontra ao final da matéria), criou, em 1991, a partir de um “insight” da infância, o sistema de geração de cloro in loco, e, de lá pra cá, nada menos que 12 mil instalações para a cloração de água e tratamento de efluentes (esgoto) foram feitas em todo o país, atendendo centenas de milhares de pessoas diariamente. Não se tem notícia de outra empresa no planeta que tenha sequer chegado perto de um número tão grande de instalações.
Mais eficiência na ponta de rede
É muito comum que nos antigos sistemas o residual na ponta da rede, ou seja, o cloro que sai da estação de tratamento e efetivamente chega às casas, esteja abaixo do recomendado, e em muitos casos seja até inexistente. Esse fator favorece a contaminação nas caixas d’água, desta forma a cloração na estação de tratamento para a população de nada serve.
O sistema criado pela Hidrogeron tem mudado esta realidade no cenário nacional, garantindo estabilidade na distribuição do cloro (que é feita de forma automática) e proporcionando o residual na ponta de rede dentro dos níveis recomendados. “A gente gosta de lembrar que diariamente nosso trabalho está atendendo uma pessoa, uma família, uma indústria ou uma cidade inteira” diz Zachariel Duarte, diretor industrial da Hidrogeron. Carolina Duarte, diretora de Marketing da Hidrogeron, complementa: “É gratificante passar por uma cidade e saber que a água que a população utiliza foi clorada por um sistema da Hidrogeron. Ou, saber que muitos produtos de um supermercado trazem em si um pouco do nosso trabalho”, lembra a diretora.
Passivos ambientais
Além da redução drástica de custos operacionais, seja pela eficiência, seja pela redução na quantidade e preço de insumos, a Hidrogeron tem deixado outro legado no país: a segurança. “Os caminhões tem que pegar o gás cloro na fábrica e, muitas vezes, rodar milhares de quilômetros sob o risco de acidentes que podem liberar um produto altamente tóxico, e que pode ficar exposto, trazendo conseqüências severas às pessoas e ao meio ambiente como um todo” conta José Cristiano Ribeiro, criador do sistema e presidente do Grupo Hidrogeron. Ele também observa que no entorno de centenas de estações de tratamento estão cercadas por residências, escolas, hospitais.
Orgulho de Arapongas
A Hidrogeron completa 25 anos nesta semana com uma história íntegra e de sucesso que relacionou o nome de Arapongas à qualidade e eficiência Brasil afora. Começou como uma pequena empresa familiar e se transformou em uma das maiores referências nacionais em cloração, tendo milhares de equipamentos instalados e com grande capilaridade do atendimento em todo o país. “Temos imenso orgulho da nossa cidade, e trabalhamos incessantemente para que Arapongas sempre tenha orgulho de ter aqui a Hidrogeron”, diz “seu” Cristiano. A empresa possui clientes em centenas de cidades, em todas as regiões brasileiras, mas, como gosta de lembrar a família Duarte, “o coração da Hidrogeron está e sempre estará em Arapongas”.

Entrevista com José Cristiano Ribeiro – Presidente da Hidrogeron
Você é um empresário, um empreendedor, mas acima de tudo um inventor. Como foi o processo da criação do gerador de cloro in loco?
É a realização de um sonho que surgiu de uma inspiração que tive aos 11 anos de idade. Aqui em Arapongas tínhamos uma feira de ciências que reunia todas as escolas da cidade. Eu participei preparando uma apresentação sobre condutividade elétrica. Demonstrava a reação de intensidade de uma lâmpada de bicicleta, utilizando duas pilhas e dois fios que eram mergulhados em quatro recipientes com soluções diferentes. Quando os fios eram mergulhadas na primeira, com água pura, a lâmpada não acendia. Na água com vinagre, acendia de forma fraca, na água com limão, um pouco mais forte e, por fim, na água com sal ela atingia a melhor intensidade. Essa experiência semeou em no meu universo psicológico, e mesmo espiritual, uma fascinação pela Química. Aos 14 anos, quando terminei o então colegial, já estava bastante claro para mim que eu queria estudar Química.
São quase 50 anos na área química, certo? O que motiva uma carreira tão “fiel”?
Trabalhei inicialmente em uma multinacional no ramo de química. Logo depois entrei na Sanepar, onde me deparei com um grave problema: a utilização do gás cloro, que traz em si riscos enormes. É um produto muito perigoso, e a inalação em caso de vazamento pode levar à morte. E eu observava escolas, hospitais, residências no entorno das estações de tratamento, vivendo sob o risco de um vazamento de grande intensidade. Naquele tempo enfrentamos muitos vazamentos em várias estações de tratamento do Paraná. Precisávamos encontrar uma solução para isso, para eliminar este risco à sociedade. Comecei então a estudar, pesquisar profundamente, até que cheguei ao princípio de que o cloro se fabricava com salmoura e eletricidade. Um processo simples, mas que poderia evitar muitos acidentes e até mortes. E isso foi fruto daquela experiência que tive na feira de ciências na infância.
Aí então começou a história da Hidrogeron?
Em 1991, eu saí da Sanepar e criei a Hidrogeron, que inicialmente era composta apenas por pessoas da minha família, meus filhos. Começamos então a aprimorar esta tecnologia de criar cloro in loco por meio da eletrólise da salmoura. Em 25 anos tivemos uma evolução fabulosa que nos deu plena segurança para aplicar esta tecnologia Brasil afora. Hoje temos mais de 12 mil equipamentos instalados em todo o Brasil.
É um número realmente impressionante. O que isso representa para o inventor, para o empresário e para a pessoa do “seu” Cristiano?
Com essa tecnologia cumprimos todas as nossas metas, da segurança civil, patrimonial, ambiental até a grave questão do transporte de gás cloro. Os caminhões têm que pegar o gás cloro na fábrica e, muitas vezes, rodar milhares de quilômetros sob o risco de acidentes que podem liberar um produto altamente tóxico, e que pode ficar exposto, trazendo conseqüências severas às pessoas e ao meio ambiente como um todo. Eu mesmo, participei do socorro em vários desses acidentes.
Hoje, nossa tecnologia disponibiliza um produto final de alta qualidade, que deixa a água totalmente isenta de bactérias e microorganismos. O que não se consegue normalmente com os outros produtos à base de cloro. Fizemos nossa parte como cidadãos, como técnicos, como profissionais. Fazendo com que essa tecnologia se tornasse uma realidade que trouxe muito benefícios para todo nosso país e para outros também.