Erros refrativos podem passar despercebidos em bebês e crianças menores

Você já perguntou para uma criança menor de três anos se ela enxerga bem? Se sua resposta é não, saiba que é muito importante prestar atenção na saúde visual dos bebês. Isso porque os erros refrativos, como a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo, podem estar presentes desde o nascimento.

Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra e especialista em estrabismo, a criança não tem a percepção de que não enxerga muito bem, principalmente as menores de três anos. “Como a criança pode nascer com algum erro refrativo ou ele aparecer de forma muito precoce, a criança ainda não tem a percepção de que há algum problema com a sua visão. Para elas, aquela visão embaçada é normal. Por isso, muitas vezes não manifestam nenhuma dificuldade para enxergar, mesmo tendo graus altos”.

Assim, os erros refrativos podem mesmo passar despercebidos pelos pais e cuidadores. De acordo com a International Agency for Prevention of Blindness (IAPB) a baixa acuidade visual afeta por volta de 5,5% das crianças em idade escolar. Em 80% dos casos, basta o uso de óculos para corrigir o problema.

Consulta precoce
“Quando não corrigidos, os erros refrativos em crianças podem levar a alterações importantes na visão, afetar o desenvolvimento neuropsicomotor, bem como prejudicar o rendimento escolar no futuro”, ressalta Dra. Marcela.

A visão é o único sistema que não está completo ao nascer. O desenvolvimento visual continua na vida extrauterina e só se completa aos sete anos de idade. “Os erros refrativos não tratados podem causar danos permanentes na visão binocular, bem como levar à ambliopia, mais conhecida como olho preguiçoso”, diz a oftalmopediatra.

Por isso, é importante que os pais levem o bebê ao oftalmopediatra antes de completar um ano de idade. Mas, atenção: a avaliação visual de um bebê ou de uma criança menor é diferente daquela feita em adultos.

Mas, como é possível fazer uma avaliação oftalmológica em crianças menores de seis anos, já que ainda não sabem ler e em bebês que não sabem falar?

Dra. Marcela explica que nessa faixa etária é usado um instrumento específico. “Nas crianças usamos uma régua de esquiascopia ou lentes isoladas. A partir do reflexo da retina que observamos, é possível determinar com precisão qual o erro refrativo presente e qual o grau exato. Realizamos o exame e repetimos após a dilatação das pupilas”, explica Dra. Marcela.

Sinais de problemas na visão
O erro refrativo mais comum na infância costuma ser a hipermetropia, seguido de astigmatismo e por último a miopia. Entretanto, devido ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos, como tablets e celulares, os casos de miopia em crianças estão aumentando em todo o mundo.

Longe e perto
“O astigmatismo dificulta tanto a visão de perto, quanto a de longe. A imagem pode ficar mais borrada ou embaçada. A miopia afeta a visão de longe e a hipermetropia a visão de perto”, comenta Dra. Marcela.

Como os bebês não falam, os pais podem ficar atentos a alguns sinais. É muito comum que os erros refrativos causem fotofobia, ou seja, sensibilidade à luz. Outro sinal é o lacrimejamento dos olhos.

Crianças que preferem ver desenhos no tablet em vez de assistir pela televisão podem ter miopia, por exemplo. Principalmente se quando assistem TV ficam muito próximas do aparelho”, reforça a especialista. Outros sinais que podem indicar problemas visuais são tombos e tropeços frequentes.

“Em crianças que já sabem ler, é comum surgir vermelhidão nos olhos quando realizam atividades prolongadas usando a visão, como leitura e jogos de vídeo game. A falta de atenção nas aulas, pular linhas durante a leitura e desinteresse por atividades que exigem um esforço visual maior também são indícios de problemas na visão”, relata Dra. Marcela.

Hipermetropia e Estrabismo
Vale lembrar ainda que a hipermetropia pode causar estrabismo, ou seja, pode causar desvio nos olhos para dentro. “Quando a criança começa a entortar o olho para dentro, em direção ao nariz, é preciso procurar o oftalmopediatra. Esse estrabismo pode ser causado pela hipermetropia e, portanto, é corrigido com o uso de óculos”, explica Dra. Marcela.

E por falar em usar óculos, os bebês, independentemente da idade, podem usar as lentes corretivas. Hoje há diversos modelos de óculos voltados para bebês e crianças menores. As armações costumam ser emborrachadas ou de material maleável, com prendedores para evitar que a criança tire os óculos ou ainda que eles caiam.
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Quando a criança apresenta algum erro refrativo, o acompanhamento com o oftalmopediatra deve ser feito periodicamente. “Os olhos crescem, como o resto do corpo. Por isso, o grau pode mudar ao longo do crescimento da criança. Nos casos de graus altos, é ainda mais importante, uma vez que podem levar a problemas visuais mais graves”, encerra a médica

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