Blefarite pode estar ligada à infestação de ácaros nos cílios

A blefarite, inflamação crônica das pálpebras, pode estar ligada à infestação de dois ácaros que vivem em nosso rosto: O Demodex folliculorum e o Demodex brevis. Isso foi o que apontou um estudo publicado no Journal of Cosmetic Dermatology. A pesquisa analisou a presença dos ácaros em pessoas com rosácea e em pacientes saudáveis.
 
A rosácea é uma doença inflamatória crônica da pele, que em 50% dos casos apresenta manifestações oculares, como a inflamação crônica das pálpebras (blefarite). Em 20% dos pacientes, os problemas oculares surgem antes do diagnóstico da rosácea.
 
De acordo com estudos anteriores, pacientes com rosácea apresentam uma quantidade de ácaros acima da média: uma concentração de 10 a 20 animais por centímetro quadrado, enquanto o normal seria de um a dois.
 
Eles vivem no rosto
Segundo a oftalmologista Dra. Tatiana Nahas, especialista em doenças das pálpebras, o D. brevis costuma dar preferência para se estabelecer nas glândulas de Meibômio, que se localizam nas pálpebras, tendo um papel importante no funcionamento do filme lacrimal “A face tem muitas glândulas sebáceas e poros maiores, daí a predileção desses animais pelo rosto”.
 
“Entretanto, todos nós temos esses bichinhos em nossa face e, na maioria dos casos, são inofensivos. O que ocorre é que as pesquisas mostram que os pacientes com rosácea apresentam uma verdadeira infestação desses ácaros”, comenta a médica.  
 
Blefarite e rosácea: uma relação íntima
 
“A blefarite, uma das manifestações oculares da rosácea, ocorre por alterações na produção sebácea das glândulas de Meibômio, que se localizam nas bordas das pálpebras. Uma vez instalados nessa estrutura, esses ácaros podem se alimentar do sebo e liberar bactérias ao morrer”, comenta Dra. Tatiana.
 
Algumas pesquisas sugerem que quando os ácaros se instalam nos cílios, causam aumento das células do epitélio, engrossamento da camada exterior da pele e obstrução dos ductos sebáceos. Como consequência, é desencadeado um processo inflamatório que acontece como uma defesa do corpo contra essa infestação de ácaros.
 
Os sintomas da blefarite são olhos inchados, coceira, vermelhidão no globo ocular e nas pálpebras, sensibilidade à luz (fotofobia), ardência, perda de cílios e formação de crostas nas bordas das pálpebras, que podem, literalmente, “grudar” os olhos.
 
 
Luz pulsada: novo tratamento para blefarite
A blefarite crônica é de difícil tratamento, uma vez que as crises são recorrentes. “A higiene das pálpebras deve ser feita diariamente, principalmente ao acordar e na hora de dormir. Numa crise mais aguda, com sinais de infecção, podem ser usados antibióticos e anti-inflamatórios”, comenta Dra. Tatiana.  
 
Entretanto, a boa notícia é que a luz pulsada, um tratamento recente, tem trazido ótimos resultados para os pacientes com blefarite. O controle dos sintomas pode ocorrer após três sessões da terapia.
 
“A energia luminosa da luz pulsada é transformada em energia térmica, que permite a coagulação e ablação de capilares, com redução dos fatores inflamatóriosTambém atua na redução desses ácaros e de bactérias envolvidos na blefarite. Por último, o efeito térmico ajuda a desentupir as glândulas de Meibômio, facilitando a saída da secreção. E isso também ajuda a melhorar o filme lacrimal”, conclui a especialista.

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