Cãibra pode ser sinal de Doença Arterial Obstrutiva Periférica

A claudicação intermitente – ato de mancar – é muito comum entre as pessoas que sofrem com a Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP). Em geral, as crises ocorrem durante a prática de exercícios físicos. O paciente sente uma dor parecida com a cãibra, o que acaba gerando grande incômodo na execução dos movimentos.

A DAOP é uma obstrução das artérias da perna, que dificulta a passagem sanguínea, da forma correta, pelo membro. Isso impede que o corpo envie oxigênio para os músculos e pode causar, além da dor, gangrena e úlceras nos locais afetados.

O angiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), Bruno Naves, explica que a DAOP nada mais é o que a falta de circulação na perna. “O fator mais importante para que isso aconteça chama-se tabagismo, que vai deteriorando os vasos arteriais. Associado ao cigarro tem a vida sedentária, o colesterol alto, o stress, isso tudo vai deteriorando a parede da artéria, e essa parede vai acumulando gordura e dificultando a chegada de sangue”.

Naves explica que a manifestação maior aparece ao andar. “Para andar o músculo precisa de sangue, de nutrição e oxigênio, com a doença não chega da forma adequada e o corpo sinaliza com dor: a pessoa anda, dói, ela para e melhora, anda de novo, dói, para e melhora. A gente chama isso de claudicação intermitente. Essa dor é uma sinalização que está faltando circulação no músculo, aí a pessoa não consegue andar”.

Exercícios

O administrador aposentado Armado Camillo, de 73 anos, convive com a doença há cerca de 20 anos. Ele contou que no caso dele são determinadas artérias que estão entupidas, com gordura calcificada, e o problema é decorrente do tabagismo, embora já tenha abandonado o vício há 18 anos.

“Quando faço algum esforço, sinto uma fadiga extremamente dolorosa na barriga, que às vezes me impedem inclusive de andar, tenho que parar, esperar um pouco, depois continuar. E uma das soluções é justamente o andar, e o andar provoca a dor, então é um círculo que a gente tem que ficar administrando. Como a doença é progressiva, o andar é a alternativa para que não progrida ainda mais”.

Além das caminhadas, ele faz hidroginástica e exercícios na bicicleta ergométrica. “Estou numa situação estável há quatro anos, isso decorrente dessas atividades que pratico, mas por sofrer da doença aconselho aos jovens, não fume. Vejo a moçada com sua vida de fumante e a gente que foi fumante vê como é perigoso esse hábito maléfico”, recomenda Camillo. 

Cãibras

Segundo o angiologista, a cãibra pode ser também uma manifestação da falta de circulação. “O músculo, às vezes, por falta de irrigação, contrai e causa dor e pode também ser por deficiência de magnésio. O solo do Brasil é pobre em magnésio, mesmo comendo as verduras verde escuras, que são fonte de magnésio, nem sempre é o suficiente para manter esse mineral na quantidade ideal para o nosso corpo. A gente tem que fazer o diagnóstico diferencial para saber se a cãibra é por falta de algum mineral ou se é por falta de circulação”, alertou.  

Para quem sofre com a falta do mineral, é feita a reposição por meio de medicamento. No caso da pessoa com a doença arterial periférica quando está no estágio inicial, o tratamento é motivar o paciente a andar. “Toda vez que ele anda e sente dor, o cérebro recebe uma mensagem assim: ‘olha, não estou dando conta de jogar sangue o suficiente lá na perna, tenho que me virar’. E o nosso organismo é fantástico, ele consegue criar uma circulação colateral que é novinha, fininha, essa circulação colateral consegue refazer a circulação jogar a quantidade necessária de oxigênio novamente, mas para isso acontecer tem que ter motivo”, descreveu Naves.

Ele explica que para todo paciente que tem sintoma de claudicação, e sente dor ao andar, o tratamento é justamente andar. “No começo ele vai andar 100 metros, depois 200m. Quando ele perceber está andando 1km, porque o próprio organismo vai fazer essa melhora. É claro, a melhora acontece aliada à cessação total do tabagismo, controle muito vigoroso do colesterol e da glicose, se ele for diabético, e se estiver obeso, também deve diminuir o peso melhor, porque ele vai andar com mais facilidade”, recomenda o médico.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *