VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DE BITCOIN? COMO FUNCIONAM AS MOEDAS VIRTUAIS

Há duas semanas escrevi uma coluna a respeito das transformações que estão em curso no mundo devido à evolução tecnológica. E uma destas transformações é a propagação das moedas virtuais ou criptomoedas, das quais a mais famosa mundialmente é a bitcoin. Mas afinal, do que se trata e como funciona este mercado? Criptomoedas ou moedas virtuais são meios de pagamento que não existem fisicamente, e sim apenas no meio eletrônico. Ou seja, não existem em forma de cédulas ou moedas. Suas transações ocorrem somente por meio de redes de computadores e são descentralizadas, porque não são reguladas por nenhum governo ou autoridade monetária.

Estas moedas são trocadas diretamente pelos seus usuários, sendo que as transações ficam todas gravadas em um banco de dados distribuído denominado blockchain. Tal tecnologia permite que os dados sejam transmitidos entre todos os participantes de maneira transparente, de forma que seja impossível fraudar ou alterar as informações. É como se fosse um livro público de transações, que permitem que elas ocorram de forma segura e compartilhada, sem a necessidade de ter alguma entidade centralizando sua administração. Os próprios usuários da rede consolidam e validam as movimentações.

As criptomoedas ganharam fama com a disseminação do bitcoin. Esta moeda virtual chamou a atenção de investidores do mundo inteiro quando passou a apresentar uma procura tão grande que seu valor convertido para dólares estourou – um bitcoin chegou a valer quase 20 mil dólares no final de 2017. Muita gente enxergou nesta modalidade uma oportunidade de ganhar dinheiro de forma rápida. Entretanto, com a popularização do bitcoin vieram as dúvidas a respeito da sua viabilidade como investimento. Primeiramente, a falta de um agente regulador deste mercado atemorizou uma parcela das pessoas, pois dá margem para que este mercado seja usado para meios ilícitos como lavagem de dinheiro. A criptomoeda também é muito usada por hackers que roubam arquivos de empresas e governos para pedir o resgate destes dados em bitcoins, protegidos pelo anonimato que este mercado proporciona – as transações são públicas, mas os usuários não precisam se identificar.

Outro motivo é que o bitcoin ainda é muito pouco aceito como meio de pagamento por empresas e prestadores de serviço, justamente pelas dúvidas provocadas pela sua falta de regulação. Isto fez com que ele se tornasse um mercado quase que puramente especulativo – as pessoas o adquirem somente para tentar ganhar dinheiro com sua valorização.  Com estes problemas, o seu valor caiu muito – em 3 de dezembro um bitcoin valia cerca de 3.800 dólares, uma queda de 73% desde janeiro. Por outro lado, muitos governos e autoridades monetárias já perceberam a relevância do bitcoin e já estão sendo criadas as primeiras regras visando a racionalização deste mercado – inclusive no Brasil.

Por mais que o que sabemos sobre o bitcoin ainda seja um pouco nebuloso, a transmissão de dados via blockchain veio para ficar. Bancos e grandes empresas já estão testando esta tecnologia com sucesso em suas operações. A possibilidade de transações serem realizadas de forma transparente entre as pessoas sem precisar da intervenção de alguma autoridade reguladora tem tudo para transformar o mundo no que diz respeito ao fim dos bancos tradicionais – aqueles com agência, gerente, caixas, etc. – e pode afetar inclusive o próprio conceito de país, uma vez que as transações se tornam cada vez mais globalizadas. Temos que ficar atentos para não sermos pegos de surpresa por todas estas mudanças que estão a caminho.

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