Papa Francisco deixa a Itália para visita inédita ao Iraque

O papa Francisco saiu de Roma, na manhã de hoje, na primeira viagem de um pontífice a um país muçulmano de maioria xiita.

Papa Francisco abordando o avião que o levará ao Iraque. Foto: Daniel Ibáñez (ACI Prensa)

Na visita de quatro dias, o papa se apresenta como “peregrino da paz”, numa tentativa de reconciliar o país afetado por anos de guerra e terrorismo.

A agenda inclui encontros com a comunidade católica, cristãos de outras Igrejas e confissões religiosas, líderes políticos e com o Ayatola Ali Sistani, a maior autoridade xiita do país.

Francisco vai passar por Bagdá, Najaf, Ur, a terra natal do patriarca Abraão, figura de referência para os judeus, cristãos e muçulmanos, Erbil, capital do Curdistão iraquiano, Mossul e Qaraqosh.

De acordo com dados da Ajuda para as Igrejas Necessitadas, nos três anos de guerra contra o Estado Islâmico, 34 igrejas foram totalmente destruídas e 132 foram incendiadas.

Mais de mil casas de cristãos também foram totalmente destruídas e 3 mil incendiadas, o que demonstra a perseguição à minoria cristã no país.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo / Foto: CNBB

Segundo analisa o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, a viagem de um Pontífice ao Iraque, a qual ele próprio disse realizar como peregrino de paz e esperança, mas que tem lições a dar aos cristãos de todo o mundo.

“A missão do Papa Francisco no Iraque é rica de lições para o mundo, especialmente no que se refere ao diálogo inter-religioso e ao compromisso cristão de promover a paz”, declarou o também Arcebispo de Belo Horizonte (MG).

Dom Walmor recordou que nesta viagem, o Santo Padre encontrará “um país que sofre com a guerra, em que a população está em permanente estado de medo” e “uma nação de maioria muçulmana”, onde os cristãos representam 1,5% da população.

Durante sua estadia no Iraque, que vai até 8 de março, o Pontífice fará uma visita à capital, Bagdá; à terra natal de Abraão, Ur; às cidades “mártires” de Qaraqosh e Mosul, marcadas pela violência do Estado Islâmico; e à capital do Curdistão iraquiano, Erbil.

Em sua programação no país árabe, além de encontros com autoridades civis, bispos, sacerdotes, religiosos, o Santo Padre também visitará o Grande Aiatolá al Sistani, participará de um encontro inter-religioso em Ur e se encontrará com os cristãos do país.

“De coração aberto, o Papa Francisco, com a sua simplicidade, com seu ardor missionário, vai testemunhar o que está na sua Carta Encíclica ‘Fratelli tutti’, ensinando que as diferenças não são barreiras para se construir a amizade social. Quando as diferenças são trabalhadas e administradas no amor e no compromisso fraterno do diálogo, elas se tornam riquezas”, assinalou.

Nesse sentido, Dom Walmor considerou que cada cristão do mundo, e não apenas os iraquianos, podem “inspirar-se no exemplo do Papa Francisco, testemunhando a fé não apenas com palavras, mas com a disponibilidade para dialogar, para ouvir, cultivando proximidade”.

Para o Arcebispo, “essa presença afetuosa, sincera, é forte testemunho do Evangelho, inspira pessoas, transforma culturas”.

“Permaneço em comunhão com Papa Francisco em minhas orações, suplico a Deus que o ilumine de modo ainda mais especial nessa sua importante missão no Iraque. Deus seja louvado por sua coragem, por seu coração aberto, por sua exemplaridade fraterna, é o que o mundo mais precisa”, concluiu. (Fonte: ACI Digital)

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