Homem recebe primeiro transplante de pulmão no Paraná
O primeiro transplante de pulmão realizado no Paraná aconteceu nesta semana no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. O Estado é referência em doações de transplantes de órgãos.
“Para nós é um imenso orgulho podermos contar com a generosidade e amor dos paranaenses que continuam doando e fazendo com que o Estado seja referência em salvar e melhorar a qualidade de vida de tantas pessoas”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto. O procedimento foi feito pelo SUS.
Reinaldo Ferreira de Goes, 57 anos, estava há dois anos na fila de espera por um pulmão. Esposa e mãe de seus quatro filhos, Valdelice Goes percorreu com o marido cerca de 70 quilômetros, da Lapa até Curitiba, para a cirurgia. “Ele teve um enfisema pulmonar que desencadeou esse quadro mais grave de dificuldade de respirar. Estávamos na fila e colocamos nas mãos de Deus, foi uma surpresa quando nos ligaram”, comentou.
O Paraná ainda não tinha o serviço de transplante de pulmão credenciado. O médico Frederico Barth, responsável técnico do Serviço de Transplante Pulmonar do HAC, explica o processo. “É complexo e tem algumas particularidades fundamentais para a recuperação pós-cirúrgica. Além da compatibilidade sanguínea, os pulmões doados devem estar sem sinais de infecção ou indícios de lesões por trauma, e serem compatíveis em tamanho com o receptor. Esses detalhes são fundamentais, por isso a importância da conscientização e busca no aumento das doações de órgãos”.
Sobre o avanço nesta aérea, Barth explica as medidas que o hospital tomou para concretizar este fato inédito. “Há cerca de dois anos, o hospital teve o credenciamento do Ministério da Saúde para esse tipo de transplante. Desde então passamos por vários processos para que estivéssemos aptos. Isso incluiu o treinamento dos profissionais, capacitações hospitalares, aquisições de materiais específicos e a preparação dos pacientes para a cirurgia”, finalizou.
DADOS – Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), no ano passado foram 121 transplantes de pulmão no Brasil – 72 de janeiro a setembro deste ano. Apenas três estados estavam aptos para o procedimento (São Paulo, Rio Grande do Sul e Ceará), somando seis equipes atuantes.
Uma série histórica divulgada pela instituição aponta que, em dez anos, o Brasil realizou 856 transplantes deste tipo. Ainda segundo a ABTO, 199 pessoas aguardam na fila de espera por um pulmão no País e oito delas são do Paraná.
TRANSPORTE AÉREO – Para que tudo isso fosse possível, o órgão precisou ser transportado de Foz do Iguaçu até a Curitiba pelo helicóptero do Governo em uma ação integrada da Divisão de Transporte Aéreo da Casa Militar e Grupo de Operações Aéreas da Polícia Civil do Paraná (GOA/PCPR), articulada em apoio ao Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR).
A coordenadora do SET/PR, Arlene Terezinha Badoch, explica o motivo da necessidade de apoio aéreo em casos como este. “O tempo de isquemia do pulmão é similar a um transplante cardíaco, de quatro a seis horas no máximo. Por isso a necessidade de transportarmos o órgão imediatamente”.
RECUPERAÇÃO – Segundo informações do Hospital Angelina Caron, o paciente está se recuperando bem após a cirurgia e já respira sem auxílio de equipamentos. Ele permanece em observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.