Nova regra para financiamento de imóveis: vale ou não a pena?
Recentemente a Caixa Econômica Federal anunciou novas regras para o financiamento imobiliário, que passaram a valer para novos contratos celebrados a partir do dia 26 de agosto. A principal mudança diz respeito às taxas de juros cobradas neste tipo de crédito: hoje a Caixa cobra juros entre 8,5% e 9,5% ao ano mais uma correção pela TR (Taxa Referencial). A TR tem um valor irrisório e atualmente inclusive ela está zerada. A nova proposta estabelece que quem for tomar um financiamento imobiliário pode optar por este modelo tradicional ou por outra opção de taxa de juros entre 2,95% e 4,95% ao ano mais uma correção pelo IPCA, o índice oficial de inflação do Brasil.
Teoricamente esta mudança reduz o custo do crédito imobiliário, afinal a perspectiva para o IPCA de 2019 levantada pelo Boletim Focus do Banco Central do Brasil (publicação que faz a média das projeções realizadas pelas principais instituições financeiras do país) é de 3,65%. As taxas de juros corrigidas por este IPCA ficariam, portanto, entre 6,6% e 8,6% ao ano. Então vale a pena a opção por esta taxa de juros corrigida pela inflação?
É necessário lembrar que vivemos uma época de inflação controlada – desde 2017 o IPCA não atinge um valor superior a 4% – embora isto venha ocorrendo principalmente por causa da estagnação econômica que o país vive nos últimos 3 anos, com um alto número de desempregados que restringe o consumo e não deixa espaço para aumento de preços. O Banco Central também trabalha com o sistema de metas para inflação. Atualmente esta meta é de 4,25% e até o ano de 2021 ela será reduzida para 3,75%, o que garantiria que as taxas de juros corrigidas pelo IPCA continuem mais baixas do que as do modelo atual, caso o governo siga garantindo ao Banco Central autonomia e condições para este trabalhar focado em garantir estas metas.
Porém a inflação no Brasil costuma ter muitas variações no longo prazo. Mesmo após a implantação do Plano Real em 1994, que impediu o país de continuar apresentando índices de inflação exorbitantes, houve anos em que o IPCA ultrapassou a barreira de 10% (o que faria as novas taxas de juros ficarem entre 12,95% e 14,95%). Portanto, vale a pena sim optar pelo novo modelo de taxa de juros do financiamento imobiliário desde que o prazo deste financiamento não seja muito longo (no máximo de 10 anos). No caso de financiamentos com duração superior a 10 anos, compensa mais poder contar com a previsibilidade do modelo antigo sem reajuste pelo IPCA. E nunca é demais tomar os cuidados necessários quando for tomar qualquer tipo de crédito: pesquisar todas as condições, ler muito bem o contrato e se certificar de que as parcelas caberão sem sustos dentro do seu orçamento.