O LAVADOR DE CARROS QUE VIROU EMPRESÁRIO

Estava contando quantas colunas já escrevi aqui em O Comuniqueiro e me surpreendi ao constatar que desde o mês de maio já foram publicadas 22 colunas (23 com esta aqui)! Confesso que não esperava esta minha capacidade de produzir tantos textos em seguida. O melhor de tudo é que escrever uma coluna semanal não me proporciona nenhuma sensação de sacrifício. Nada me faz tão feliz do que levar informações para as pessoas que possam ajudá-las em um tema tão crucial em suas vidas como as finanças.

Trabalhar com finanças não é o sonho de todo mundo. Realmente a área não é muito glamurosa, é necessário gostar muito para dedicar sua vida a isto. As conquistas profissionais são importantes, mas posso garantir que nada supera a realização pessoal de ouvir de alguém que meus conhecimentos ajudaram esta pessoa a lidar melhor com o seu dinheiro.

Há alguns anos atrás trabalhei em um projeto de consultoria gratuita para pequenas empresas e microempreendedores individuais. Eram pessoas bem simples, que não tiveram condições de se capacitarem o suficiente para estar à frente de um negócio. Foi um ano extremamente gratificante, onde pude ensinar bastante e aprender muito também, pois mesmo sem instrução estas pessoas superam as dificuldades com muita força de vontade e criatividade, pude ouvir e presenciar histórias e ideias incríveis. Quero destacar aqui um destes clientes, dono de um pequeno lava rápido. Seu nome era Marcos.

A consultoria consistia em três visitas ao estabelecimento. Na primeira, eu me apresentava e oferecia o trabalho. Desanimado, Marcos relatou que o negócio tinha muitos problemas. Estava com muita dificuldade para pagar as contas e como estávamos em um mês muito chuvoso os clientes haviam sumido. Ensinei-o a fazer um controle financeiro diário simples, em um caderno, registrar todas as entradas e saídas de dinheiro. Combinei que voltaria ao lava rápido em 30 dias.

Quando cheguei para a segunda visita, Marcos estava bem mais animado. Mostrou o caderno em que estava controlando suas finanças diariamente. Disse que através deste controle verificou que estava gastando demais em coisas sem necessidade. Cortou despesas e com a melhora no fluxo de clientes, a situação financeira estabilizou-se. A satisfação era tão grande que ele comentou que estava fazendo um controle financeiro pessoal, junto com a esposa, e que faziam planos de poupar dinheiro para reformar a casa.

45 dias depois desta visita, retornei ao lava rápido de Marcos. Ele estava irradiando felicidade. Com o controle financeiro, ele conseguiu ter recursos para colocar um letreiro na porta do negócio, o que fez o lava rápido ser mais notado e aumentou o número de clientes. Já estava fazendo planos de contratar um funcionário e, no futuro, se mudar para um espaço maior. Ele e a esposa já tinham também conseguido definir em quanto tempo, com o dinheiro que começaram a poupara, eles poderiam reformar a casa. Para finalizar, Marcos estufou o peito e comentou: “Rodrigo, agora eu me sinto um empresário de verdade”.

Nenhuma realização profissional encheu tanto a minha alma de alegria quanto o banho de autoestima que foi dado neste simples dono de um lava rápido. E para isto, bastou um caderno e uma orientação básica. Naquele dia, senti o quanto poderia contribuir com o próximo usando o conhecimento que adquiri para trabalhar. E cada contribuição que eu puder dar às pessoas com as informações desta coluna com certeza me dará a sensação de missão cumprida. Até a próxima!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *