GRANDES VILÕES DAS FINANÇAS: O CHEQUE ESPECIAL
Hoje falaremos sobre um dos maiores vilões da saúde financeira das pessoas: o famoso cheque especial (também chamado de Limite do Banco ou LIS). Poucas armadilhas têm tamanho potencial para causar um buraco tão grande nas finanças de alguém. Conheço pessoas que há 20 anos não sabem o que é viver sem “estar no limite”, pagando juros exorbitantes e impossibilitadas de aproveitar a vida sem este peso nas costas.
Mas afinal o que é o cheque especial? Trata-se de uma linha de crédito disponibilizada pelos bancos que é praticamente um serviço atrelado a contratação de uma conta corrente. Os bancos o vendem como um benefício: caso a pessoa zere o saldo dela na conta, ela pode numa emergência usar o limite oferecido sem passar pela burocracia de uma aprovação de crédito. Na prática, trata-se de um empréstimo que a pessoa está contraindo com o banco. E a facilidade tanto de aprovação do limite como de usá-lo faz com que as taxas de juros desta modalidade sejam altíssimas: em agosto de 2018 a taxa média era de 13,19% ao mês! Para se ter uma ideia, a taxa de juros média na modalidade empréstimo pessoal no mesmo período foi de 6,28%.
A grande armadilha do cheque especial está na cobrança destes juros altos e no fato destes juros serem compostos, os famosos “juros sobre juros”. Vamos pensar numa situação em que a pessoa usa 1.000 reais do limite (dívida inicial). Considerando a taxa de juros de 13,19%, o banco cobrará juros no valor de 131,90 reais. A dívida final no mês 1 desta forma será de 1.131,90 reais. Caso esta pessoa não consiga cobrir este limite, no mês seguinte (mês 2) a taxa de juros de 13,19% será cobrada não dos 1.000 reais da dívida original, mas dos 1.131,90 reais da dívida acrescida dos juros. Se ao final de 3 meses a pessoa não conseguir cobrir o valor, os 1.000 reais da dívida inicial já terão virado 1.450,19 reais como mostrado na tabela abaixo:
Portanto, o melhor a fazer é evitar entrar no cheque especial a todo custo. Mas se você já está enrolado, procure o banco e negocie a troca da dívida por uma outra modalidade de crédito a juros mais baixos. Como já foi mencionado, a taxa de juros do empréstimo pessoal é a metade da do cheque especial. Mas você somente conseguirá saber quais são as modalidades que tem a disposição se interrogar o gerente do banco. Ele dificilmente irá te apresentar estas opções por vontade própria: afinal o ganho com o cheque especial é muito maior. É por isto que existem algumas pegadinhas: muitos bancos quando os clientes vão conferir o saldo em conta somam o limite no saldo disponível, sem deixar isto tão claro. Então a pessoa pensa que tem 500 reais de saldo, mas na verdade o que ela tem é 300 mais 200 referente ao cheque especial e sem saber usa este limite. Por isto, tome muito cuidado e confira o bem o seu extrato bancário!
Empréstimo pessoal, empréstimo consignado, todas estas opções são melhores do que ficar muito tempo no limite do banco, mesmo que o fato de pagar uma parcela de empréstimo dê a impressão de pesar mais no orçamento. Muitos não têm esta impressão, mas ficar pagando juros do cheque especial é dinheiro escorrendo pelo ralo. Procure o seu gerente e exija que ele lhe apresente outras modalidades de crédito que você tem à disposição. Até a próxima!