ENTRE ESQUERDA E DIREITA, QUEM SAI PERDENDO SOMOS NÓS
Nas últimas semanas estamos tentando traduzir como os principais fundamentos econômicos afetam a vida das pessoas comuns. Muitos escutam na televisão ou leem nos portais de internet sobre inflação, taxa Selic, taxa de câmbio, PIB, mas não entendem o que exatamente estes termos significam e como eles influenciam diretamente o nosso cotidiano. E principalmente nesta época de eleições presidenciais este conhecimento se torna muito importante para ajudar a entender o que os candidatos querem dizer quando abordam estes temas.
E como podemos dizer se a economia de um país está indo bem ou está indo mal? O indicador usado para medir isto chama-se PIB – abreviação de Produto Interno Bruto. O PIB mede o valor de tudo que é produzido pelo país em um determinado período. Se ouvimos falar que o PIB de um país cresceu significa que as empresas produziram mais, a agricultura também está a todo vapor, e por consequência foram gerados mais empregos. Com mais pessoas empregadas elas estão mais dispostas a consumir e isto faz o comércio vender mais, gerando todo um ciclo positivo que melhora o bem-estar geral da população. Se o crescimento do PIB persistir por anos seguidos o país passa a possibilitar condições para que as pessoas saiam da pobreza. Em uma situação onde há diminuição do PIB ocorre justamente o contrário: empresas produzem menos, muitos ficam desempregados, o comércio vende cada vez menos e o país se torna cada vez mais pobre.
O Brasil viveu uma fase muito positiva em termos de crescimento do PIB na década passada. Entre 2004 e 2010, a média de crescimento anual do PIB foi de 4,5%. Muito deste crescimento foi reflexo de um cenário mundial extremamente positivo: as economias desenvolvidas estavam a todo vapor e a China crescia a um ritmo monstruoso. Com a estabilidade proporcionada pelo Plano Real, que acabou com a hiperinflação, nosso país teve condição de se beneficiar bastante de todo este cenário. O auge foi o famoso “PIBÃO” de 2010: um crescimento de 7,5% neste ano!
Entretanto o Brasil não fez o “dever de casa” para que estes bons tempos durassem mais: não foram feitos investimentos em infraestrutura para melhorar o transporte, não foram feitas reformas para combater o problema da previdência nem a reforma tributária necessária para facilitar a vida dos empreendedores, entre outras. Pelo contrário, o país errou em aproveitar o período favorável para inundar a economia com crédito: as pessoas se endividavam porque como o desemprego foi para níveis bem baixos e o crédito era muito fácil, elas acreditavam que teriam condições de pagar estas dívidas. Quando ocorreram problemas que fizeram as economias desenvolvidas e a China desacelerarem, o reflexo no Brasil foi violento: o endividamento excessivo travou o consumo, a produção parou e o consumo diminui drasticamente. Resultado: em 2015 e 2016 o PIB diminuiu em média 3,7% ao ano. A consequência foram milhares de desempregados e muitas pessoas voltando a viver em condições de pobreza. Em 2017 o PIB começou uma tímida recuperação, mas o crescimento de 1% nem de longe é suficiente para recuperar o estrago dos 2 anos anteriores.
Não é questão de ideologia, crença ou simpatia por partido político. A verdade é: estamos nesta situação por pura e simples incompetência administrativa dos governos anteriores. E o mais triste é que a esmagadora maioria dos candidatos à presidência não apresenta nenhuma proposta realmente coerente para colocar a economia do Brasil nos trilhos. Pior: as propostas de muitos são exatamente na direção daquilo que nos jogou na crise. Outros fazem promessas vazias, recheadas de frases feitas sem nenhuma visão prática de como lidar com a crise. E infelizmente os eleitores estão focando numa disputa entre esquerda e direita muito mais baseada em crenças e ideologias do que em analisar projetos de governo que realmente irão beneficiar a população. Votar com base em crenças apenas irá manter o Brasil no caminho do atraso.
As pessoas não devem lidar com a política como se fossem torcidas de futebol. Precisamos deixar de procurar “salvadores da pátria”, “mitos”, “pais dos pobres” e afins. Nosso PIB só voltará a crescer de forma consistente quando formos governados por gente que alie a vontade genuína de servir a população com o conhecimento necessário para colocar a economia brasileira nos eixos, além de propostas concretas e diferentes das que já comprovadamente não deram certo. Até a próxima!