O GOVERNO VAI CONFISCAR NOSSO DINHEIRO?

Muita gente torce o nariz para acompanhar notícias sobre economia, ou por não entender, ou por não ser um assunto tão empolgante (para a maioria das pessoas). Ignorar os principais acontecimentos econômicos, entretanto, é um enorme risco. Algumas consequências deste desconhecimento são a impossibilidade de se prevenir de determinadas situações ou então acreditar em notícias falsas (as famosas fake news) e tomar decisões baseadas em informações que não correspondem à realidade.

Há poucos dias, um cliente veio me perguntar no whatsapp se era verdade uma notícia que ele tinha visto na internet: o governo iria confiscar o dinheiro depositado nas contas bancárias dos brasileiros. É um medo muito presente na mente de uma boa parcela da população e não sem justificativa: está vivo na memória dos mais velhos o confisco da poupança realizado por Fernando Collor, presidente de triste memória, em 1990. Caso você também esteja assustado por ter visto alguma notícia do tipo, tranquilize-se: neste momento, não há nenhuma possibilidade de isto acontecer. Diferentemente de 1990, quando o Brasil sofria por conta dos anos de hiperinflação galopante com preços aumentando todos os dias ou até em questão de horas, hoje o país apresenta fundamentos econômicos muito mais sólidos e as regras do sistema financeiro também são mais rígidas. Apesar de toda a incerteza que vivemos especialmente por causa do cenário político, para que cheguemos a uma situação onde o confisco das contas bancárias seja uma possibilidade real é necessário uma crise profundamente mais aguda, que se acontecer não será de forma tão imediata.

O exemplo, porém, serve para mostrar de forma cristalina como a economia afeta a vida de todos e que é importante saber sobre o tema. Logicamente não é necessário que você se torne um especialista econômico, mas ao menos que saiba o que são e como se comportam os principais fundamentos econômicos: câmbio, inflação, desemprego, crescimento do PIB. O câmbio representa como o real se comporta em relação ao dólar, a mais representativa moeda do mundo. De acordo com a taxa de câmbio, o real valoriza ou desvaloriza. Neste momento em que as eleições presidenciais se aproximam, há muita incerteza sobre quem será o próximo presidente e quais políticas ele irá adotar. Por conta desta incerteza, muitas pessoas que investem no Brasil optam por retirar seu dinheiro do país para investir em lugares mais seguros no exterior. Isto diminui a quantidade de dólares que ficam no Brasil, fazendo o dólar ficar mais caro e o real, por consequência, desvalorizar. São estas as causas do dólar passar a valer mais de 4 reais nos últimos dias!

E no que a alta do dólar afeta a vida das pessoas comuns? Para começar, tudo o que é importado fica mais caro, ou seja, aquela viagem para trazer coisinhas do Paraguai começa a não ser mais tão vantajosa.  Mas o problema é que o Brasil importa muita, mas muita coisa mesmo, do exterior, porque o país não produz determinados itens em quantidade suficiente para atender a necessidade das pessoas. E dois exemplos atingem a todos nós diretamente: o Brasil precisa importar petróleo para dar conta da demanda por combustível. Ou seja: já podemos nos preparar para novos aumentos no preço da gasolina. Importamos também grandes quantidades de trigo. Com o dólar em alta, as empresas que utilizam trigo para fabricar seus produtos pagarão mais caro por ele e irão repassar este custo para os consumidores. Resultado: pão, farinha, biscoitos, massas, tudo isto ficará mais caro.

(Gosta de pão quentinho? Então prepare o bolso)

O pior é que esta incerteza vai durar pelo menos até ocorrerem as eleições de Outubro. O dólar tem potencial para subir ainda mais e, portanto, é bom se precaver. Vai ficar cada vez mais caro abastecer o carro e o pãozinho vai pesar ainda mais no orçamento.

Na semana que vem continuaremos a ver como os principais fundamentos econômicos afetam diretamente a nossa vida. Até a próxima!

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