75% dos adultos com TDAH apresentam outras condições psiquiátricas
Segundo estudos, cerca de 15% das crianças diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) costumam apresentar sintomas da condição na vida adulta. E tem mais: 75% dos adultos com TDAH apresentam comorbidades psiquiátricas, como dislexia, ansiedade, transtornos do humor (depressão e bipolaridade), distúrbios do sono, transtornos de personalidade, abuso de drogas, medicamentos, álcool e cigarro.
Diagnóstico tardio também é possível?
Há ainda uma outra questão descoberta em um estudo conduzido com 7 mil pessoas em que participaram Brasil, Reino Unido e Nova Zelândia. De acordo com a pesquisa, o TDAH pode se manifestar depois dos 18 anos, ou seja, são adultos que quando crianças não preenchiam os critérios para o diagnóstico e começaram a apresentar os sintomas depois da idade esperada.
“Essa descoberta ainda é relativamente nova e os pesquisadores consideram um novo transtorno, porém ainda não há um consenso sobre o assunto. Hoje, o diagnóstico segue o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), que sugere que o TDAH em adultos é a continuação do transtorno manifestado na infância.” explica a neuropsicóloga Thaís Quaranta.
A lista do TDAH
A lista dos critérios para diagnóstico do TDAH compreende 18 sintomas, que envolvem hiperatividade, impulsividade e desatenção. “O diagnóstico no adulto é fechado quando preenche pelo menos cinco critérios descritos no DSM-5 para desatenção e/ou para hiperatividade/impulsividade. Além disso, os sintomas precisam estar presentes durante seis meses ou mais, serem compatíveis com a idade e clinicamente importantes”, explica Thaís.
Veja quais são os critérios:
- Não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido.
- Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas, conversas e leituras.
- Parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.
- Não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos.
- Tem dificuldade para organizar compromissos e cumprir prazos.
- Reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado.
- Perde itens necessários como documentos, chaves, celular, etc.
- É facilmente distraído por estímulos externos ou pensamentos.
- É avoado para atividades cotidianas como pagar contas, retornar ligações…
- Remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira.
- Levanta da cadeira em situações em que se espera que fique sentado.
- Corre ou sobe nas coisas em contextos inapropriados.
- É incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente.
- É inquieto permanentemente.
- Fala demais.
- Deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída ou termina as frases dos outros porque não consegue esperar.
- Tem dificuldade para aguardar a sua vez, como em filas.
- Interrompe ou se intromete em conversas, jogos ou atividades alheias sem ser convidado.
Desatenção e impulsividade são mais comuns nos adultos
Segundo Thaís, embora haja uma relação importante entre o TDAH e as comorbidades psiquiátricas, o diagnóstico é fundamental, assim como o tratamento do transtorno na vida adulta. “O perfil de um adulto com TDAH é bem típico. São pessoas com dificuldades acadêmicas, que sofrem com rejeição social e têm muitos problemas de relacionamento interpessoal, seja profissional, com amigos, família ou amoroso”.
“Há também um pior desempenho na vida profissional, que pode acarretar em desemprego de maneira frequente, por exemplo. Nos adultos, os sintomas mais prevalentes são desatenção e impulsividade. Já a hiperatividade tende a desaparecer, dando lugar a uma sensação frequente de inquietação”, diz Thaís.
“São aquelas pessoas impacientes, que costumam não gostar de ficar em filas, não conseguem se concentrar para trabalhar, ver um filme, e que também agem de maneira intempestiva, sem pensar nas consequências. Também costumam perder coisas e não conseguem cumprir horários, estão sempre atrasadas”, completa a psicóloga.
Terapia Cognitiva Comportamental
A boa notícia para os adultos com TDAH é que é possível tratar o transtorno por meio da psicoterapia. Hoje, uma das abordagens mais usadas no tratamento do TDAH é a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), juntamente como psicoeducação. A TCC leva à mudança de comportamentos e à criação de novos hábitos.
“Na terapia, iremos ajudar o paciente a desenvolver novos padrões de comportamentos, de pensamentos e iremos contribuir para melhorar sua organização, planejamento, controle do tempo, entre outros aspectos que irão causar impactos positivos na rotina diária”, diz Thaís.
Normalmente, além da psicoterapia, podem ser necessários medicamentos e a psicoeducação, que é oferecer ao paciente conhecimentos e informações importantes sobre o TDAH.