Um novo jeito de habitar
O que é importante na sua casa? Será que há dez anos você daria a mesma resposta? É provável que não. Eu não daria e isso acontece com a maioria das pessoas que ajudo nesse processo de decisão. É comum que as ideias mudem em um período de 15 dias, imagina então em anos.
Acontece que a arquitetura é mutável, assim como é a humanidade. Aquilo que era importante há vinte anos talvez não seja mais hoje. Casas antigas possuem ambientes menores e divididos de acordo com uma setorização que não considero mais atual.
Perceba que as residências possuíam (em sua maioria) uma sala de entrada, uma sala de jantar (conhecida como copa) e uma cozinha totalmente separada e escondida. Enquanto isso a área intima possuía uma divisão muito simples com quarto para os pais na frente, e seguido pelos dos filhos ou hóspedes. A área voltada para lazer ficava ainda mais separada, lá no fundo do quintal (na famosa edícula), junto com lavanderia e depósito.
Costumo falar para meus clientes que estamos na era da integração e flexibilidade, em uma época onde pai e mãe trabalham, filhos vão para a escola desde cedo e sobra pouco tempo para a permanência em casa. O objetivo principal seria juntar as pessoas.
O convívio entre os membros da família passa a ser valorizado e ambientes como sala de TV, jantar, cozinha e até mesmo a churrasqueira passam a ser integrados visualmente. A cozinha foi gourmetizada e o ato de cozinhar se tornou, para muitos, hobby. Então qual o sentido de esconder esse espaço? Ao contrário do que acontecia a anos atrás, a cozinha passou a ser o espaço mais bem quisto pela maioria das famílias. Se for possível uma integração entre cozinha e área de churrasqueira então, tudo fica ainda melhor aproveitado. Conseguimos um amplo ambiente muito mais arejado e valorizado.
Finalizei um projeto ha poucos dias, onde a família resolveu mudar toda a área social da casa para dentro do ambiente externo da churrasqueira, e construir a área intima ao redor dela. Bons motivos para tomar essa decisão? Possibilidade de aproveitar melhor terrenos menores (já que os mesmos estão invadindo a cidade); economia de materiais e tempo de edificação; menor necessidade de manutenções – já que temos agora uma cozinha apenas e poucas paredes e portas; e funcionalidade.
Mas veja, não é uma regra. Na verdade, nada em um projeto residencial pode ser encarado como regra. Vai depender de você, do seu jeito de morar, da experiência que deseja ter com sua casa. É por isso que quando sentamos para definir esses detalhes é preciso ter paciência e muita disposição, juntos precisamos entender melhor o conceito de casa que você precisa. E muitas vezes essa tarefa é árdua, porque pouco paramos para analisar esse tipo de conceito.
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Se eu puder te dar duas dicas:
Não acredite em padrões pré-determinados – com exceção daqueles que possuem referência com medidas mínimas;
Tenha calma ao definir seu projeto, a pressa pode causar decisões errôneas. Como eu sempre falo, a hora de mudar o projeto é enquanto está no papel, depois de construído é sempre um transtorno.
Boa sorte!