Universidade é punida após estudantes de direito praticarem atos de racismo em jogos universitários

A Liga Jurídica Carioca decidiu nesta segunda-feira (4) penalizar a delegação da PUC-Rio com a perda do título dos jogos Jurídicos do Rio 2018, após o registro de atos racistas durante o evento, disputado em Petrópolis, na região serrana do estado. A Liga ainda suspendeu a participação da delegação em competições ao longo do ano e nos Jogos Jurídicos de 2019.

Segundo denúncias de estudantes pelas redes sociais, no sábado (2), após partida de  futebol entre PUC-Rio e a Universidade Católica de Petropólis (UCP), uma integrante da torcida da PUC jogou uma casca de banana na direção de um atleta negro da UCP.

O ato não foi isolado. No domingo, após a final do basquete masculino entre PUC-Rio e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), torcedores da PUC imitaram macacos diante dos torcedores negros do rival. No mesmo dia, integrantes da torcida da universidade chamaram uma atleta de handebol da Universidade Federal Fluminense (UFF) de “macaca”.

“Como bem sabemos, os jogos jurídicos universitários nunca foram um espaço confortável para pessoas negras. Vir para se divertir e torcer sem muitas preocupações sempre foi – e ainda é – um privilégio que apenas as pessoas brancas possuem”, diz nota da campanha Jogos Sem Racismo. Junto com os coletivos os coletivos Negros Patrice Lumumba (UERJ), Caó (UFF) e Cláudia Silva Ferreira (UFRJ – FND), a campanha exigiu as punições à PUC-RJ, o que foi acatado pela Liga Universitária.

Com a decisão, nenhuma faculdade participante será sagrada como campeã geral, ainda que os resultados das modalidades serão mantidos em respeito aos atletas participantes. A PUC-Rio havia terminado a competição com o maior número de pontos pela primeira vez.

A universidade divulgou nota afirmando que vai formar uma  Comissão Disciplinar para averiguação das informações, composta por professores de Direito da Universidade e também pela professora de Direito Constitucional Thula Pires, que é coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente (Nirema).

“Hoje, depois do que podem ter sido os quatro mais dolorosos dias das nossas vidas enquanto negros estudantes de direito, pudemos começar a fazer justiça com nossos atletas, torcedores e torcedoras agredidos”, diz o texto da campanha. “Esperamos, ao menos, que essa dor descomunal se revele uma oportunidade para que TODAS as Faculdades de Direito repensem suas práticas e tornem os Jogos um ambiente mais inclusivo.”(Com informações RBA).

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