Aumentam as chances de formação de uma frente de esquerda nas eleições em 2018

O encontro entre o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) nesta segunda-feira (23) em São Paulo criou no meio político a expectativa de que os partidos estariam, de fato, ensaiando a formação de uma frente de esquerda para as eleições de 2018. Os dois políticos podem ser candidatos à Presidência da República em outubro.
A reunião, noticiada na edição desta terça-feira (24) do jornal Folha de S. Paulo, teria sido um primeiro passo. O encontro realmente aconteceu. Haddad, no entanto, escreveu no Facebook mais tarde que a reunião, da qual participaram também os ex-ministros Delfim Netto e Luiz Carlos Bresser-Pereira, não tinha por objetivo discutir a formação de uma frente.
A ideia de uma união na esquerda vem sendo discutida por lideranças do PT, do PCdoB, do PSOL e do PSB ao menos desde o início de 2018. Mas ela começou a ganhar mais corpo depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é o pré-candidato declarado pelo PT ao Palácio do Planalto e lidera pesquisas de intenção de voto, foi preso em 7 de abril. O petista cumpre pena de 12 anos e 1 mês de prisão na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Lula foi condenado no processo do apartamento tríplex do Guarujá, no litoral paulista.
Unir a esquerda seria uma alternativa dos partidos para fazer frente ao potencial político do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à Presidência da República, na hipótese de Lula ser impedido pela Justiça de disputar o Planalto em razão da Lei da Ficha Limpa, ou de ele mesmo desistir da candidatura.
Segundo a pesquisa Datafolha publicada na edição do dia 15 de abril do jornal Folha de S. Paulo, Bolsonaro assume a liderança da corrida presidencial em todos os cenários sem Lula. O levantamento mostra, por exemplo, o parlamentar com 17% das intenções de voto se Haddad for o candidato. Nesse cenário, o PT, que com Lula liderava com 31%, cai para oitavo, com apenas 2%.

As posições de Ciro, Boulos e Manuela

Ciro Gomes (PDT) que é visto como um potencial herdeiro dos votos em Lula, caso o petista não seja candidato, não descarta a formação de uma frente. Em declaração ao jornal O Estado de S. Paulo, afirmou, porém, que era preciso o estabelecimento de uma pauta concreta.  “Não se pode fazer uma reunião para afirmar um adjetivo ou negar outros. É preciso mostrar que temos uma resposta melhor do que a direita”, disse ao jornal.
Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávilla (PCdoB), ambos também pré-candidatos ao Planalto, defendem a formação desse bloco com partidos de esquerda. Os dois já fizeram manifestações públicas em favor da iniciativa, mas com algumas diferenças de pontos de vista. Boulos, por exemplo, prega a unificação apenas num eventual segundo turno.
Apesar dessas diferenças no discurso, tanto o PSOL quanto o PCdoB assinaram um manifesto em 15 de fevereiro de 2018 no qual defendem o combate à corrupção e a união da esquerda, sem especificar exatamente quando isso poderia acontecer.
Um dos trechos do manifesto diz: “Independentemente das estratégias e táticas eleitorais do conjunto das legendas progressistas, uma base programática convergente pode facilitar o diálogo que construa a união de amplas forças políticas, sociais, econômicas e cultural.Tal como a realidade vem demonstrando não será fácil, mas o Brasil —com a união e a luta das forças progressistas da nação, do povo e da classe trabalhadora— vencerá uma vez mais”.
O documento, assinado também pelo PT, PDT e PSB, não defende abertamente a candidatura de Lula.
Joaquim Barbosa, que é apontado como possível pré-candidato ao Planalto pelo PSB, partido ao qual se filiou em 6 de abril,  não se posicionou publicamente sobre a formação de uma frente de esquerda. (Com informações Nexo).

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