Recasamento exige maturidade e dedicação para dar certo

Você, provavelmente, conhece algum casal formado por pessoas que tiveram casamentos anteriores. O chamado recasamento é um relacionamento em que um dos parceiros ou ambos já se casaram anteriormente. Segundo dados de registro civil do IBGE de 2014, 23,6% dos casamentos registrados foram considerados recasamentos. Ainda segundo a instituição, essa taxa vem crescendo ao longo dos anos.
Mas, o que leva uma pessoa que já foi casada e passou por um divórcio, desejar se casar novamente?
Para a psicóloga Marina Simas de Lima, terapeuta de casal, família e cofundadora do Instituto do Casal, o recasamento parte da vontade de superar uma experiência de perda anterior, como também do desejo de construir uma nova história.
“Podemos dizer que o recasamento significa uma nova chance para o amor. Em muitos casos, as expectativas são até maiores do que no primeiro casamento. Isso porque a pessoa pode pensar que poderá compensar ou até neutralizar as mágoas de outros relacionamentos. Mas, independente de ser o primeiro, o segundo, o terceiro ou até o quarto casamento, o importante é que para dar certo é preciso construir uma nova identidade conjugal, uma nova dinâmica familiar e se dedicar ao novo relacionamento”, comenta Marina.
Outro ponto destacado pela psicóloga é que uma nova relação também vem com a possibilidade de fazer diferente e refletir sobre a sua historia. “Um novo relacionamento requer novos comportamentos, novos olhares sobre sua história e uma postura centrada na esperança de quer vai dar certo, com mais maturidade e consciência”, diz Marina.
Os teus, os meus, os nossos filhos
O segundo casamento pode dar muito certo e trazer satisfação conjugal. Entretanto, quando há filhos de uniões anteriores, é preciso muita maturidade para lidar com os conflitos que surgem.
Para a psicóloga Denise Miranda de Figueiredo, terapeuta de casal, família e cofundadora do Instituto do Casal, a presença de enteados pode aumentar as dificuldades deste novo casal para construir a sua conjugalidade.
“Precisamos lembrar que o vínculo da maternidade ou paternidade antecede o vínculo conjugal quando há filhos do casamento anterior. Pode haver uma competição por atenção, assim como dificuldade para assumir os papéis de madrasta/padrasto. A falta de delimitação das dimensões da conjugalidade e da parentalidade gera muitos conflitos nos recasamentos. Geralmente, são situações complexas que merecem atenção, muita conversa e bons combinados entre o casal e a nova família,” comenta Denise.
“Quando há filhos envolvidos, o importante é que o casal negocie e faça combinados de como irá dividir o tempo para o relacionamento e para os filhos. O recasamento é um novo relacionamento e vai exigir tempo e esforço para dar certo. O casal vai precisar de espaço para construir sua identidade e isso significa ficar a sós, fazer programas a dois, namorar, viajar, etc. Não é fácil, mas é preciso”, comenta Denise.
Por outro lado, quem tem filhos e se casa novamente, precisa ter consciência de que esta escolha impactará na vida das crianças e dos adolescentes. “Os filhos tendem a ser leais aos pais biológicos. Assim, gostar da madrasta ou do padrasto, por exemplo, pode significar para uma criança deslealdade. Para os pais recasados também pode não ser fácil ouvir críticas dos filhos a respeito do novo relacionamento”, diz Marina.
Para Denise, esses e outros conflitos podem surgir e não devem ser jogados para debaixo do tapete. “Na verdade, é preciso dar espaço para todos dizerem o que sentem, como se sentem e a terapia de família, nestes casos, pode ajudar muito a alinharem os novos papéis, a definirem limites e expectativas”.
“Acreditar no amor, ter coragem de reconstruir sua vida, alinhar expectativas e estar aberto a novos combinados são alguns dos itens fundamentais na jornada dos recasamentos”, finalizam Marina e Denise.

(Imagem ilustrativa)

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